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 DANIEL WALKER


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MINHA CIDADE


JUAZEIRO DO NORTE

A Terra do Padre Cícero

Daniel Walker

 

LOCALIZAÇÃO. Juazeiro do Norte está localizado no extremo sul do Estado do Ceará, no chamado Vale do Cariri, distante cerca de 560 km de Fortaleza, pela BR 116.

 ÁREA. O Município ocupa uma área é de 249 km2

 LIMITES. Ao norte com Caririaçu; ao sul com Barbalha; a leste com Missão Velha e a oeste, com Crato.

 ALTITUDE. Juazeiro do Norte está a 377 m em relação ao nível do mar. O ponto mais elevado é a Serra do Horto, onde foi erigido o Monumento do Padre Cícero, obra esculpida pelo artista plástico pernambucano, Amando Lacerda,  inaugurada em 1º de novembro de 1969, com as seguintes medidas e peso: pedestal: 8m (altura); estátua: 17m (altura); cabeça: 2,70m; olho: 56cm; nariz: 70cm; boca: 70cm; orelha: 80cm; ombro: 5,40m; bastão: 10m; diâmetro: 7m; área do pedestal: 100m2; peso: 357 toneladas.

CLIMA. Temperado, com temperaturas entre 22-34 graus, com média de 28º. De junho a agosto faz um pouco de frio. A época chuvosa geralmente vai de janeiro a abril. O município é banhado pelo Rio Salgadinho, que nasce em Crato.

 POPULAÇÃO. Cerca de 300 mil habitantes, sendo que a maior parte se concentra na zona urbana. A população de Juazeiro do Norte é bastante heterogênea. Há praticamente pessoas de todos os estados nordestinos, muitos dos quais romeiros, que para aqui vieram atraídos pela fama do Padre Cícero.

 ORIGEM. O lançamento da pedra fundamental de uma capela em honra de Nossa Senhora das Dores, em 15 de setembro de 1827, no local denominado Fazenda Tabuleiro Grande (município de Crato), de propriedade do Brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro, marca o início da história do lugar que é hoje a cidade de Juazeiro do Norte. Conta-se que três frondosos juazeiros existentes em frente à capela, à margem da antiga estrada Missão Velha - Crato passaram a ser pousada obrigatória de viajantes e tropeiros que viviam em andanças pelos sertões e também de vendedores que se dirigiam à feira de Crato. Com o tempo, começaram a surgir as primeiras moradias e pontos de negócios, tendo início o povoamento. A fundação da cidade, porém, se deve ao Padre Cícero.

 ETIMOLOGIA.  O topônimo Juazeiro deve-se a uma conhecida árvore, muito comum no Nordeste, que resiste à seca mais inclemente, permanecendo sempre viçosa, chamada cientificamente Ziziphus juazeiro. A palavra é híbrida, tupi-portuguesa: juá ou iu-á (fruto de espinho) + o sufixo eiro.

 CHEGADA DO PADRE CÍCERO.  Quando Padre Cícero chegou ao povoado de Juazeiro, em 11 de abril de 1872, para fixar residência, o local era um pequeno aglomerado humano com uma capelinha erigida pelo primeiro capelão, o Pe. Pedro Ribeiro de Carvalho, neto do Brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro, uma escola, cerca de 30 casas (a maioria de taipa) e duas pequenas ruas (Rua Grande e Rua do Brejo). Cinco famílias importantes habitavam o local: Macedo, Gonçalves, Sobreira, Landim e Bezerra de Menezes. O restante da população era formado por escravos, pequenos agricultores e desocupados. Antes de fixar residência definitiva no povoado de Juazeiro, Padre Cícero o visitou pela primeira vez no Natal de 1871, a convite do professor Semeão Correia de Macedo, para celebrar a tradicional Missa do Galo, pois o povoado estava sem capelão.    Segundo Padre Azarias Sobreira, Padre Cícero chegou a revelar a amigos íntimos a verdadeira decisão de morar em Juazeiro. Foi um sonho (ou visão) segundo o qual, certa vez, ao anoitecer de um dia cansativo, após haver passado horas inteiras confessando as pessoas do então arraial, ele se deitou para descansar e a visão que selaria seu destino se revelou. Conforme seu relato, ele viu, nitidamente, Jesus Cristo e os doze apóstolos, sentados à mesa, numa cena idêntica à Ceia Larga (de Leonardo da Vinci). De repente, uma multidão de pessoas famintas, tipo flagelados das secas nordestinas, invade o local. Então, Jesus, virando-se para os famintos, falou de sua decepção com a humanidade, embora estivesse ainda disposto a fazer um último sacrifício para salvá-la. Mas se os homens não se arrependessem, Ele acabaria com tudo de uma vez. Naquele momento, Jesus apontou para os pobres sertanejos, lançou um olhar ao Padre Cícero e disse, categoricamente: “E tu, Padre Cícero, toma conta deles!” A partir daí ele planejou sua vinda para o povoado de Juazeiro, aonde chegou no dia 11 de abril de 1872. Uma vez instalado em sua nova residência, Padre Cícero deu início a sua ação evangelizadora e moralizadora. Modificou os costumes da população, acabando pessoalmente com a bebedeira e a prostituição. Com ele o povoado experimenta os primeiros passos rumo ao desenvolvimento à moralização.

O MILAGRE.  Um fato extraordinário, acontecido pela primeira vez no dia 1º de março de 1889, transformou a rotina do lugarejo e a vida do Padre Cícero para sempre. Naquela data, ao participar de uma comunhão reparadora, oficiada por ele, uma beata muito piedosa, chamada Maria Magdalena do Espírito Santo de Araújo, ao receber a hóstia consagrada não pôde degluti-la porque a mesma se transformara em sangue. O fato se repetiu dezenas de vezes, e o povo crédulo achou que se tratava de um novo derramamento do sangue de Jesus, sendo, portanto, um milagre, mais tarde aceito também pelo Padre Cícero e outros sacerdotes da redondeza. As toalhas com as quais limparam a boca da beata ficaram tintas de sangue e rapidamente passaram a ser objeto da curiosidade do povo. Assim, o povoado, antes insignificante, passou a ser alvo de grande visitação popular, pois todos queriam ver os panos manchados de sangue. Começaram, então, as romarias que não param de crescer. Apesar de ter sido testemunhado por muitas pessoas dignas, mais de uma dezena de padres da região e ter sido atestado por dois médicos e um farmacêutico como sendo um fato sobrenatural, a Igreja ainda não o considerou como milagre.   O fato terminou numa polêmica Questão Religiosa, ainda hoje não resolvida. Dentro da Igreja, ou mais precisamente no seio do clero, o chamado milagre de Juazeiro foi tratado como fato natural, superstições vãs, e também embuste, até que, em 1989, cem anos depois, a parapsicologia estudou o assunto e o considerou como uma espécie de aporte, que  é o aparecimento e sumiço de coisas, misteriosamente. Hoje, o clero ainda continua dividido, mas são poucos os que acreditam em embuste. Por conta das decisões de Roma, Padre Cícero, injustamente acusado de desobediência e de estimular a crença no pretenso milagre, foi punido pela Igreja com a suspensão de suas ordens. Mais tarde os chamados milagres de Juazeiro passaram a ser estudados por diversos cientistas sociais no Brasil e no Exterior, sendo até motivo de teses acadêmicas. E Juazeiro do Norte, por ser uma cidade mística, tem sido objeto de vários documentários de tevê, o que a faz muito conhecida e famosa.

 EMANCIPAÇÃO POLÍTICA. Em 1907 o povoado de Juazeiro já havia alcançado um considerável nível de desenvolvimento, mas continuava pertencente ao município de Crato. Isto começou a incomodar os juazeirenses, surgindo daí o desejo de independência. Um movimento emancipalista iniciado por eminentes cidadãos locais, entre os quais Joaquim Bezerra de Menezes, José André de Figueiredo, Francisco Néry da Costa Morato, Cincinato Silva, Manoel Vitorino da Silva e João Bezerra de Menezes recebeu mais tarde a adesão do Padre Cícero, do médico baiano Floro Bartolomeu da Costa, do Padre Joaquim de Alencar Peixoto, do Professor José Teles Marrocos, José Ferreira de Menezes, entre outros, culminando com a vitória em 22 de julho de 1911, quando foi assinada a Lei nº 1028, que elevou o povoado à categoria de Vila e sede do Município. Um forte aliado do movimento de independência de Juazeiro foi o jornal O Rebate, o pioneiro da imprensa juazeirense, fundado pelo Padre Joaquim Marques de Alencar Peixoto, em 18 de julho de 1909. No dia 4 de outubro de 1911, o Município de Juazeiro foi inaugurado oficialmente, e o Padre Cícero foi empossado como seu primeiro Prefeito, ou Intendente, como se chamava naquela época. No dia 23 de julho de 1914, através da Lei nº 1178, a Vila de Juazeiro foi elevada à categoria de cidade. Esta data, porém, não é comemorada, prevalecendo a data de criação do município. Em 9 de setembro de 1943, numa reunião realizada na Biblioteca Municipal foi adotada a denominação de Juazeiro do Norte. Os outros nomes sugeridos foram: Juripeba, Cariris, Padre Cícero, Nordestina e Cicerópolis. (Para maiores informações sobre este assunto leia meu livro História da Independência de Juazeiro do Norte)

 COMÉRCIO E INDÚSTRIA.  Juazeiro do Norte é uma das mais importantes cidades do Nordeste. Foi a primeira cidade do interior cearense a ter shopping, emissora de rádio FM e canal de televisão. O parque industrial é representado por indústrias de sandálias de plástico e couro, bebidas, refrigerantes, alumínio, alimentos, confecções, móveis, jóias, laticínio, etc. Seu polo calçadista é um dos maiores da América Latina. O movimentado comércio possui unidades de grandes cadeias de lojas nacionais, shoppings e atacadões, mas ainda permanece muito forte a presença da economia informal, representada principalmente por empresas de fundo de quintal, vendedores autônomos e artesãos, cujos produtos pela beleza artística que ostentam são bastante apreciados. Aqui de tudo se vende.

 EDUCAÇÃO E CULTURA. Afora uma grande rede de ensino fundamental e médio, Juazeiro do Norte se destaca atualmente por sediar o maior polo universitário do interior cearense, com mais de 70 cursos superiores, entre os quais Medicina, Farmácia, Jornalismo, Serviço Social, Música, Matemática,  Engenharia, Administração, Fisioterapia, Direito, Enfermagem, Odontologia e Filosofia. Foi aqui que surgiu a primeira Escola Normal Rural do Brasil, fundada em 1934, considerada na época como sendo a maior e melhor expressão do ensino ruralista do País. Juazeiro é também um grande celeiro de cultura geral e popular. Possui vários centros culturais, diversos grupos de danças, música e teatro, de onde têm saído nomes famosos, e publica anualmente dezenas de livros sobre os mais variados assuntos.  Na Literatura de Cordel e xilogravura Juazeiro é destaque nacional e internacional, possuindo também grandes nomes nas artes plásticas.

SAÚDE. No setor de saúde dispõe de vários hospitais e clínicas médicas, dotadas de modernos equipamentos, e médicos atuando nas mais diversas especialidades.

 COMUNICAÇÃO E TRANSPORTE. No ramo das comunicações existem várias estações de radio AM e FM, dois canais de televisão e vários jornais, inclusive com circulação diária. O setor de transporte interliga acidade com o Brasil e o mundo, através de ônibus e avião, e seu aeroporto regional é um dos mais movimentados do interior brasileiro.

 TURISMO.  Juazeiro do Norte é uma cidade com muitos atrativos turísticos, sendo, por isso, visitada por romeiros e turistas do Brasil e do Exterior, numa média anual de dois milhões de pessoas. A rede hoteleira conta com bons hotéis, além dezenas de ranchos para hospedagem de romeiros. Eis algumas atrações turísticas: Serra do Horto, Monumento do Padre Cícero, Museu Vivo de Padre Cícero, Santo Sepulcro, Memorial Padre Cícero, Museu Padre Cícero, Basílica de Nossa Senhora das Dores, Casa dos Milagres, Capela do Socorro, Santuário de São Francisco, Igreja do Sagrado Coração de Jesus, Luzeiro da Fé, Centro de Apoio aos Romeiros, Praça Padre Cícero e Mosteiro Nossa Senhora da Vitória (Monjas Beneditinas).

 ROMARIAS E DATAS COMEMORATIVAS.  2 de fevereiro: Festa de Nossa Senhora das Candeias (romaria) 

24 de março: Aniversário de Padre Cícero  22 de julho: Aniversário do Município

15 de setembro: Festa da Padroeira Nossa Senhora das Dores (romaria)

2 de novembro: Romaria do Padre Cícero.

Nos meses de dezembro e janeiro a cidade recebe a visita de milhares de romeiros e turistas. No mês de junho a cidade vive o clima das festas juninas com a realização do Juaforró, uma das festas mais populares do Brasil.

   A cidade de Juazeiro do Norte é conhecida nacionalmente como “A Terra do Padre Cícero". É uma cidade santuário. Um dos maiores centros de romarias e turismo religioso do Brasil. A cidade cresce e se moderniza com a construção de belos conjuntos comerciais e residenciais, mas não perde a sua identidade romeira tão decantada pelo seu fundador.